Você já ouviu falar na doença Leishmaniose Visceral Canina ou Calazar? Sabia que é uma doença que pode ser fatal, não tem cura parasitológica, é uma zoonose (pode ser transmitida de animais para humanos), e coloca a sua família inteira em risco. Isso mesmo! Por isso, toda informação é importante.

O que é Calazar ou Leishmaniose Visceral Canina?
As Leishmanioses são doenças causadas por protozoários do gênero Leishmania. Existem dois tipos de leishmanioses: a tegumentar (ataca a pele e as mucosas) e a visceral (que ataca órgãos internos).
O tipo mais grave, que pode ser fatal é Leishmaniose Visceral Canina ou Calazar, que pode ser transmitida aos humanos, cães e outros animais domésticos e silvestres principalmente por meio da picada mosquito palha infectado (Lutzomyia longipalpis) (flebótomo).
Ataca as células do sistema imunológico, se propagando posteriormente até atingir órgãos como pele, fígado, rins, medula óssea e baço.

Como ocorre a transmissão do Calazar ou Leishmaniose Visceral Canina?
Um cão com sorologia positiva para leishmaniose, sintomático ou não, serve como reservatório para o vetor infectado (no caso o mosquito palha), pois carrega na pele o parasita.
Aí, quando um inseto picar e sugar o sangue de um animal ou humano infectado, a próxima “vítima” a ser picada é infectada também com o parasita Leishmania.
Portanto, na presença de mosquitos-palha, onde há cães infectados, existem as condições para a transmissão da doença e alto risco à comunidade.
E sabe qual é a pior parte dessa doença? Por ser uma zoonose muito grave, de alto poder endêmico e sem cura parasitológica, a recomendação para a quebra da cadeia de transmissão é que todo cão com sorologia positiva deveria ser submetido à eutanásia, de acordo com o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Operacionais do Ministério da Saúde (2016)
Por isso, a prevenção é MUITO IMPORTANTE para combater a Leishmaniose Visceral Canina.
Como Prevenir a Leishmaniose Visceral Canina?
Os métodos existentes que diminuem as chances de infecção para os cães são: uso de repelentes (que afastam os mosquitos, evitando picadas dos vetores) e vacinação.
Repelentes: existem no mercado coleiras para cães com Deltametrina a 4%, que devem ser utilizadas ininterruptamente, sempre atendendo as orientações do fabricante. Outras opções de repelentes são sprays e pipetas, porém possuem tempo de ação reduzida quando comparado as coleiras.
Vacinação: existe vacina no mercado com a finalidade de proteção contra a Leishmaniose Visceral Canina, entretanto, cada animal tem uma resposta imunológica e segundo estudos, a eficácia vacinal dessa vacina, não corresponde à 100%. Portanto, mesmo um cão vacinado pode ser infectado.
Um ponto importante é que a vacina é preventiva, ou seja, apenas cachorros negativos para Leishmaniose podem ser vacinados.

Principais sinais clínicos da leishmaniose canina
Os principais sinais clínicos visíveis são problemas dermatológicos como: descamação, alopecia, feridas de difícil cicatrização, infecção e lesões na pele, crescimento anormal das unhas, pele espessa (principalmente ao redor dos olhos, focinho e orelhas).
Outros sinais clínicos: inapetência, anemia, diarreia, vômito, sangue nas fezes, ínguas, lesões oculares, entre outros.
Existe tratamento para leishmaniose visceral canina?
Não existe cura parasitológica para a Leishmaniose Visceral Canina (não elimina o parasita), entretanto, o tratamento existente ajuda a impedir o avanço da doença e na melhora das condições clínicas do animal.
Porém os cães continuam como reservatórios da doença. Continuando sendo um grande risco para saúde da população humana e canina.
O tratamento é indicado na sua forma combinada (multimodal), ou seja, associando-se um fármaco leishmanicida (age eliminando parasitos) associado a leishmaniostático (visa impedir a replicação do protozoário), imunoestimulante (melhora a resposta imune contra o parasito), e/ou imunomodulador, (auxiliar na melhora clínica, diminuindo a resposta inflamatória e formação de imunocomplexos que causam as alterações clínicas
Como ter certeza que meu cão é positivo para Leishmaniose visceral canina?
Através do exame de sangue: o teste rápido e o ELISA.

Quando cão tiver o diagnóstico positivo confirmado, qual a conduta do tutor?
“Todo cão com sorologia positiva, sintomático ou não, oferece risco à comunidade, pois carrega na pele o parasita que causa a leishmaniose visceral. Na presença de flebótomos (mosquitos-palha) onde há cães positivos existem as condições para a transmissão da doença. Portanto, a recomendação para a quebra da cadeia de transmissão é que todo cão com sorologia positiva deveria ser submetido à eutanásia, de acordo com o Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses: Normas Técnicas e Operacionais do Ministério da Saúde (2016). A eutanásia deverá seguir o preconizado pela Resolução nº 1000, de 11 de maio de 2012 do Conselho Federal de Medicina Veterinária – CFMV, Capítulo 1, Artigo 3, inciso II. 20.”
O médico veterinário ou o proprietário pode optar por tratar o cão positivo ao invés de encaminhá-lo para eutanásia?
Sim. Atualmente, a opção de tratar o cão existe, porém ressalta-se a necessidade de cumprimento do protocolo de tratamento descrito na rotulagem do produto (aprovado pelo Mapa) respeitando-se a necessidade de reavaliação clínica, laboratorial e parasitológica periódica pelo médico veterinário, existindo a possibilidade de realização de novo ciclo de tratamento, quando indicado.
Neste sentido, o não cumprimento implica em infração sanitária ao proprietário, com intervenção do poder público por meio administrativo ou judicial. (2020, Secretaria de Estado da Saúde Superintendência de Vigilância em Saúde Diretoria de Vigilância Epidemiológica).
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Texto produzido por Dra Lara Torrezan, médica veterinária.